terça-feira, 25 de setembro de 2007

Passado, presente e futuro do Pólo Aquático Sergipano

Como era o pólo aquático há 10 anos? Qual a realidade em pleno século 21? E o que esperar do esporte para o futuro? Com a palavra Afrânio de Andrade Bastos, 45 anos, doutor em Educação Física pela Universidade de León, em León na Espanha.
Professor de Educação Física da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Afrânio foi jogador de Pólo Aquático do Graccho por 3 anos, de 1978 a 1980. Em 1983, entrou para a história do Pólo ao formar a primeira equipe do Graccho de Pólo Aquático.
E para falar da modalidade, o Esporte-SE entrevistou o próprio Afrânio, nove vezes campeão dos Jogos da Primavera pela categoria A (sub-15). Durante a semana, o professor volta a ser atleta e aproveita o tempo livre para aprimorar a parte técnica do seu esporte preferido: pólo aquático.

Esporte-SE: Quando começou a jogar Pólo Aquático?
Afrânio Bastos: Eu sou originário da natação. Coincidentemente, fui jogador de pólo aquático na mesma época em que nadava e no mesmo ano em que foi implantado o Pólo Aquático em Sergipe por Plínio Aguiar: 1978. Em 78, após o término de mais uma edição dos Jogos Escolares Brasileiros, o professor Plínio separou alguns jogadores, distribuiu em algumas escolas. Neste selecionado, fui um dos únicos a participar de outro torneio: uma das primeiras edições dos Jogos da Primavera.

Esporte-SE: Como foi seu trabalho na equipe de Pólo Aquático do Graccho?
Afrânio Bastos: Em 1983, o coordenador do Graccho, professor Abelardo, me encarregou de montar um time de Pólo Aquático na escola. O resultado desta montagem foi a formação da primeira equipe de Pólo Aquático do Graccho. No mesmo ano, comecei a treinar o time. Em 1984, o Graccho estreou nos Jogos Escolares Sergipanos (Jogos da Primavera). O ponto principal daquele time, até 1995, era a categoria A (sub-15) ou formação de base, com uma escolinha forte para suprir jogadores existentes. Uma categoria B era outra qualidade da minha equipe. Com esta estrutura, o Graccho participou dos Jogos da Primavera de 84 a 95.
Vale ressaltar que a minha participação foi até 1994

E-SE: E esta equipe de 84? Qual a atual realidade dos jogadores daquela geração? Quantos ainda estão na ativa?
AB: Muitos deles ainda jogam, mesmo sem treinar. Formavam aquela geração Otávio Salles, Pedro Wilson, Sandro Bruno, Sávio, Gustavo Adolfo (ex-técnico do Arquidiocesano), Silvio Darlan e vários outros que fizeram parte da equipe.

E-SE: Além dos títulos, quais outras conquistas importantes na carreira?
AB: Em primeiro lugar, o respeito, carinho, reconhecimento que tive e tenho no pólo com ex-atletas da modalidade, meus amigos. Isto é o ponto principal; o segundo bom momento é a possibilidade que o Pólo me deu de abrir novas portas como, por exemplo, a minha tese de mestrado foi sobre Pólo Aquático; em terceiro lugar, a participação nos Jogos Brasileiros, em 88. Na ocasião, a equipe fez grandes intercâmbios estaduais com times de Maceió e Fortaleza

E-SE: Qual a análise sobre o Pólo Aquático, de 1984 aos dias atuais?
AB: A ascensão do Pólo Aquático aconteceu durante os Jogos Escolares Brasileiros, os JEBs. Essa evolução foi interrompida em 1984, último ano em que o governo federal promoveu o Pólo nos Jogos Brasileiros. Aqui em nosso estado também acontecia esta evolução. Então, em 85, quando declinaram os Jogos Escolares Brasileiros, o pólo aquático começou a “definhar”. Partindo disso, o ponto crucial para a “derrocada” da modalidade foi o final do Pólo Aquático nos Jogos da Primavera em 1996. Isto é tão verdadeiro que não existe nenhum técnico de Pólo Aquático treinando uma equipe sistematicamente.

E-SE: O técnico Fernando Gaúcho poderia ser a exceção por estar treinando a equipe Os Desbravadores, de Pólo Aquático?
AB: O aspecto positivo que eu vejo no trabalho de Gaúcho é quanto ao aumento de possibilidades que as pessoas têm em praticar o Pólo Aquático. Mas por outro lado, há uma necessidade das pessoas que buscam uma formação mais adequada e um conhecimento mais embasado, ter condições de trabalhar o pólo aquático.

E-SE: Quais são os problemas no Pólo Aquático?
AB: Falta um maior investimento nas categorias de base e na formação do atleta. Para o Pólo Aquático sergipano crescer, falta um maior investimento, o que isto não vem acontecendo há algum tempo, quando parou de investir no “aluno”.

E-SE: Qual o futuro do Pólo Aquático sergipano?
AB: O Pólo Aquático sergipano só vai crescer na medida em que Sergipe tiver na modalidade técnicos ou professores de Educação Física que possam trabalhar na formação de base. Enquanto não houver este trabalho, o Pólo Aquático vai continuar neste nível em que está.

E-SE: Temos condições para isto?
AB: Sim, claro. Há um bom clima e variedade climática durante o ano inteiro. Existem piscinas à disposição (o Parque Aquático “Zé Peixe”é o exemplo) para quem quiser trabalhar. Há colegios particulares que trabalham com o Pólo Aquático e clubes também. O que falta hoje em dia são profissionais com capacidade para trabalhar o Pólo Aquático.

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