Entrevista com Sérgio Rufino
Com já foi dito em matéria anterior, o presidente da Confederação Brasileira de Desporto Escolar (CBDE), Sérgio Rufino, esteve em Aracaju para acompanhar os jogos e incentivar os garotos na quarta edição do Campeonato Brasileiro de Desporto Escolar. Ele concedeu a seguinte entrevista ao caderno esportivo Líder! do jornal semanal Cinform:
LÍDER: Como a CBDE trabalha para formar atletas dentro do ciclo olímpico?
SÉRGIO RUFINO: Hoje, no Brasil, temos em torno de 50 milhões de jovens entre o ensino fundamental e médio. É uma tarefa difícil abarcar toda essa população, mas a nossa meta é de atingir pelo menos 10% desse público em médio prazo. A meta é envolver o aluno desde a escola, estimular as escolas a realizar seus interclasses, depois os intercolegiais, os municipais, estaduais, nacionais, e aí os mundiais. Então, nós diversificamos as atividades com um calendário vasto – este ano tem a Gymnasiade, que são as Olimpíadas Escolares, no Qatar, e outros vários mundiais das modalidades. Quando você tem uma quantidade muito grande de praticantes, claro que surgem os grandes talentos. O nosso papel é mostrar os atletas que estarão despontando no esporte para as equipes de alto rendimento.
LÍDER: Como é o trabalho de base com as escolas? Como incentivar as escolas a manter as atividades esportivas?
SÉRGIO RUFINO: Nós que trabalhamos na CBDE temos duas situações. A escola pública é voltada para o esporte como inclusão social. Já as particulares têm o esporte como uma ferramenta de marketing, e por isso investem e buscam atletas para grandes resultados. Nosso objetivo não é ter grandes atletas nas escolas, mas o papel fundamental é viabilizar a participação das escolas nos nossos eventos. Essa responsabilidade é estendida às federações locais que incentivam as escolas a disputar as seletivas regionais até chegar às competições nacionais. É um ciclo. No começo você tem a base, no fim nós temos o rendimento.
LÍDER: O que é necessário em infra-estrutura e planejamento para o esporte escolar no país?
SÉRGIO RUFINO: Esse é o nosso calcanhar de Aquiles. A estrutura ainda é precária, nós ainda não temos uma condição ideal. Para desenvolver o esporte é necessário um bom ginásio, uma boa infra-estrutura, e isso, principalmente nas escolas públicas, nós não temos. Temos que direcionar e fazer um novo redimensionamento do sistema de ensino do esporte no país. São prioridades que a gente tem que discutir, como o formato atual das aulas de desporto. Nós queremos sentar para discutir tais assuntos com todos os entes envolvidos, como escolas, federações, confederações especializada, Comitê Olímpico, Ministério dos Esportes e Ministério da Educação. O momento nos favorece, principalmente porque não há outro caminho para o futuro do esporte senão a escola.
LÍDER: Quais são os planos da CBDE para 2009?
SÉRGIO RUFINO: Estamos num processo de discussão, mas o certo é que temos dois mundiais esse ano, o de futebol e o de basquete. Teremos uma assembléia em Porto Rico para definir os mundiais de 2010 e 2011, de judô e futebol, que serão realizados no Brasil em parceria como Ministério dos Esportes. Também temos jogos mundiais das escolas católicas em julho e as seletivas, no segundo semestre, para os mundiais de 2010, além da Gymnasiade, que acontece em dezembro. O sul-americano vai ser no Equador, esse ano, e vamos aproveitar todos os atletas vencedores na Olimpíada Escolar entre 12 e 14 anos. A gente tem possibilitado uma participação desses alunos e procurado o que há de melhor para nos representar. É um número considerável de competições, mas isso não quer dizer que não tenhamos desafios pela frente. São 50 milhões de jovens que necessitam da prática desportiva para se tornar cidadãos, atletas ou simplesmente melhorar a vida e cuidar da saúde. O Ministério da Educação precisa estar envolvido e estamos procurando contato para discutir a questão científica e o papel dos professores de Educação Física nas escolas
Nenhum comentário:
Postar um comentário