Dificuldades no futebol sergipano
Poderia utilizar este espaço para falar da estreia do Sergipe no Campeonato Sergipano de Futebol. Assim como poderia utilizar este espaço para falar de outros esportes como o futsal – e a Copa TV Sergipe, futevôlei, vôlei e outros mais. Mas resolvi fazer diferente. Resolvi falar de um caso que vira e mexe acontece no futebol brasileiro: a situação de jogadores que saem da sua cidade para, à convite de um empresário, tentarem a sorte em time grande – ou time de menor expressão, quem sabe.
Tudo começou na manhã de sábado, 8. Estava com viagem marcada para Jequié-BA, onde fiz a prova do concurso do Banco do Brasil – cujo resultado foi ruim. Contei com a ajuda de meu pai, que tanto me levou para o Terminal Rodoviário de Aracaju (Rodoviária Nova) como esperou para eu entrar no ônibus.
Cheguei atrasado e perdi o primeiro. No segundo ônibus, tive que esperar alguns minutos. Enquanto aguardava o veículo no espaço de embarque dos passageiros, vi um homem de jaleco branco e com um estetoscópio no pescoço. Um cidadão diferente cujo traje diferenciava de muitos que ali estavam à espera de um ônibus.
Acabei conhecendo esta pessoa, antes mesmo de me aproximar e cumprimenta-lo. Era Bomfim, massoterapeuta dos clubes sergipanos, que estava se despedindo de três garotos. Os rapazes se dirigiam ao ônibus com destino ao interior alagoano.
Na dúvida, perguntei ao profissional se os garotos eram seus filhos. “São jogadores de futebol. Um tem 21, o outro 22 e o terceiro tem 24. Trouxe do Rio de Janeiro para atuarem na equipe do Canindé”, respondeu o profissional, revelando a posição dos atletas – não na ordem da idade: dois zagueiros (Rodrigo e Diego) e um meia (Daniel).
Ao lado do meu pai, ouvi atentamente o que Bonfim queria me dizer. Percebia a irritação e tristeza do profissional em ter acreditado nas palavras de um empresário que oferecia condições para os meninos jogarem em uma equipe profissional. “Acreditei neste falso empresário”, afirmou.
O massoterapeuta explicou que, em 12 de janeiro, recebeu a ligação dos garotos alegando passar dificuldades na cidade. Preocupado, pegou o carro e precisou encarar a estrada até Canindé para ver a condição dos atletas e trazê-los. Segundo ele, os meninos estavam esperando-o em um ginásio. “Dormiram no chão, passaram fome. Comeram pão e água”, alega o massoterapeuta.
Em busca de um novo clube, Bomfim tentou ajudar os meninos. Arranjou “um plano B”: o Olímpico de Itabaianinha. Mas o clube não tinha condições de fazer um time para a disputa do Sergipão.
O jeito foi recorrer ao técnico Nadélio Rocha, que ainda continua no comando técnico do Estanciano. Após fazer uma análise criteriosa, indicou os garotos para atuarem no Comercial, time da primeira divisão do futebol alagoano.
E para lá foram. Foram com a promessa de novos ares, com a promessa de que dias melhores viriam. Resta saber se eles irão retornar para o futebol sergipano, carente de estrutura e de uma administração que vise o engrandecimento do nosso futebol.
SEM SUCESSO
Os garotos não tiveram a sorte de atuar no time alagoano. Tanto é que Rodrigo retornou para Aracaju e os outros dois viajaram para Recife após receberem proposta de times pernambucanos.
Sobre a situação em Canindé, Rodrigo, 22, explicou que a situação dele e dos colegas era difícil. “Chegamos à conclusão de que não havia mais condições de a gente ficar lá. Faltou almoço e moradia. Estava acontecendo cortes na equipe. O rapaz “pediu” o alojamento, iria despedir a gente”, analisou o atleta, que classificou a estrutura do Comercial como “não associável, pior que a do Canindé”.
Preocupado, o zagueiro aguarda por uma oportunidade em equipe do futebol brasileiro, em particular o sergipano. “Bomfim está me ajudando neste momento difícil para mim, pois todo jogador quer manter a estabilidade, quer permanecer jogando”, admite o jogador.

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