domingo, 10 de agosto de 2014

Estive “in loco” na Copa do Mundo no Brasil – Parte II

Foi demorado, mas conseguimos. Apesar do problema com a Internet, e de outras questões referentes tanto ao entrevistado como aos administradores deste blog, conseguimos finalizar a entrevista com mais um jornalista que esteve “in loco” na Copa do Mundo. Trata-se de Igor Matheus.

Aos 30 anos, sendo 7 dedicados ao jornalismo (1 ano no Portal Infonet, sendo outros tempos no Cinform e órgão governamental), Igor conquistou a chance de fazer a cobertura da Copa pelo próprio canal de comunicação virtual. Suas matérias tiveram uma página exclusiva no veiculo jornalístico, onde o profissional pode relatar o que de melhor e de pior aconteceu na Copa.

Aqui no nosso blog, Igor pode falar um pouco desta sua primeira experiência. Mesmo não cobrindo os treinos das seleções, entre elas a brasileira, coube ao jornalista criticar a estrutura da Copa e dizer que, por causa de cinco títulos mundiais, o Brasil “nunca mereceu vencer o torneio”. Além disso, o profissional compreende que o Brasil terá novos problemas caso sedie outra Copa no futuro.

O vexame da equipe canarinha nas semifinais, contra a campeã Alemanha, foi o seu momento mais marcante, cabendo a Igor relatar que, nesta competição, “o Brasil não jogou absolutamente nada”. Por outro lado, achou merecido o título para os alemães, que jogaram o que era necessário para levar a taça para Alemanha.

Com novos projetos pela frente, entre eles a Copa América Igor Matheus seguirá fazendo o que gosta.  Além do jornalismo, gosta de academia e natação, sem contar na volta para o jiu-jitsu. Revela seu gosto pela música, sem esquecer que, quando garoto, gostava de jogar bola.

Assim, via Facebook, Igor concedeu a seguinte entrevista ao Esporte-SE:

ESPORTE-SE: O que vc achou da Copa do Mundo realizada no Brasil?
IGOR MATHEUS: No sentido estrutural, ótima. Diante do tamanho do Brasil e da quantidade de gente a circular por aí, foi espantoso que nada de sério tenha acontecido. No sentido público-financeiro, foi um pequeno apocalipse que ainda não dimensionamos. No sentido futebolístico, espetacular e com o melhor desfecho possível. O Brasil nunca mereceu vencer o torneio, e não é por causa do desempenho campal. É por causa da barriga cheia de cinco títulos. Não havia nenhum elemento dramático para alimentar o senso de merecimento dos jogadores, e o tal do desastre do Maracanazo era uma referência distante demais para ter algum efeito. Já os alemães estavam na fila há 24 anos. E trabalhara

ESPORTE-SE: Seja no aspecto jornalístico ou não, qual foi o momento mais marcante nesta Copa do Mundo?

IGOR MATHEUS: De longe a derrota humilhante do Brasil por 7 a 1. Eu estava no Mineirão, vi o clima da torcida antes do jogo, durante o massacre, as palmas gerais depois do sétimo gol. Não dava nem mesmo pra ficar triste, porque não dava nem tempo. Era a letargia em massa. Outra coisa que surpreende nessa derrota é que todos os times vieram pra Copa certos de que iriam disputar só uma vaga na final. A outra já seria do anfitrião pentacampeão. Mas como diria Galvão Bueno, "olha o que aconteceu... olha o que aconteceu..."

ESPORTE-SE: Você acredita que muitas coisas que aconteceram no Brasil, tanto no aspecto campal como no estrutural e no político-financeiro, possam se repetir no futuro? Isso caso o Brasil sedie, no futuro, mais uma Copa do Mundo.

IGOR MATHEUS: Não sei nem quero saber. Mas tratando-se de Brasil, tudo pode acontecer. Da próxima, projetam uma arena em Fernando de Noronha. Em relação às finanças, podem mandar trazer mais oito Copas que teremos oito pacotes diferentes de malandragem, molecagem, putaria, reclamações, arruaceiros, puxa-sacos, hagiógrafos. O repertório brasileiro é infinito. Mas pelo que se viu dentro de campo não seria má ideia outra Copa por aqui. Mesmo com a pulverização ao vivo da Seleção. Só acho que antes disso Valcke e sua trupe vão passar ainda por Argentina, Uruguai, Colômbia, Chile e se reclamarem demais, até Suriname.

ESPORTE-SE: Você que acompanhou de perto a Seleção Brasileira, imaginava, em algum momento, ou em alguma situação, que a equipe passaria vexame? Imaginava que o time, em algum momento, perderia por 7 a 1?

IGOR MATHEUS: Quem disse que imaginou uma marretada de sete a um mentiu. Mas que o Brasil estava implorando pra ser chutado da Copa com seu futebolzinho minguado, qualquer um com uma televisão ligada na tomada percebeu. O curioso foi notar que os jogadores estavam sentidos com a imprensa, principalmente depois do jogo contra a Colômbia. Vi Thiago Silva na zona mista irritado com uma pergunta que insinuava falta de entrega do Brasil dentro de campo. Ou seja, os caras entraram na Copa nas nuvens, achando que o adesismo à seleção era algo automático e a imprensa estava destoando por ser implicante. É claro que nunca foi implicância. Era entendimento simples de futebol. O Brasil não jogou absolutamente nada. Insistiu na ideia de que torcida ganha jogo. Realmente espero que depois de uma goleada tão humilhante como esse 7 a 1, e diante da torcida mais empolgada que o Mineirão jamais deve ter recebido, a gente se livre desse raciocínio adolescente. Copa do Mundo não é Karate Kid 2.

No comentário à parte, Igor revelou que acompanhou os cinco jogos da Seleção, inclusive o 7 a 1, mas não foi para a Granja Comary
ESPORTE-SE: O título para a Alemanha foi merecido?

IGOR MATHEUS: Tudo o que aconteceu com a Alemanha na Copa foi merecido. Até sofrer contra a Argélia e empatar com Gana. Pegaram o Brasil chorão e esmagaram. Pegaram a Argentina, que sempre teve muito sangue para momentos difíceis, e souberam trabalhar com frieza. Só vieram ao Brasil pegar o que era deles.

ESPORTE-SE: O que você pode tirar de aprendizado após a sua primeira Copa do Mundo?

IGOR MATHEUS: Vi de perto o tamanho do futebol como patrimônio nacional de qualquer país. Copa é diferente mesmo, e é só mergulhar no abismo do campeonato brasileiro para sentir isso. E aprendi a seguir programações rígidas, de padrão suíço. Não é fácil para nenhum brasileiro. Mas quando você tem um crachá de credenciado que lhe permite testemunhar a história do esporte, todo esforço do mundo vale a pena.
m minuciosamente para levar a taça.
ESPORTE-SE: Após cobrir "in loco" a primeira Copa do Mundo, você tem novos projetos a seguir? Quais?

IGOR MATHEUS: Tenho algumas ideias fora e dentro do jornalismo esportivo. E a Copa América é ano que vem. Vamos ver o que vai dar pra fazer.

Nenhum comentário: